domingo, 12 de outubro de 2008

Pesquisa: O que é?


Conquistar a autonomia profissional perpassa pela pesquisa pois é através desse instrumento que será possível uma reflexão do que se faz para que a prática seja ressignificada. Sentir-se responsável pela formação é um outro aspecto que necessita de atualização constante e essa atualização só irá acontecer se o/a professor/a sentir-se pesquisador da/na prática, o “professor, quando pesquisa, investiga suas atividades docentes; ele tem por objetivo repensar a sua prática, a sua ação docente e os seus saberes, visando concretizar um processo de ensino-aprendizagem mais significativo para ele e para seus alunos” (FLORENTINO, 2005, p.06)

Lu Chu, sábio chinês, nos deixou como legado muitas verdades e uma dessas era a que defendia que os caminhos foram feitos pelo caminhar das pessoas. Esse constante caminhar pelo um mesmo caminho nos faz ver as coisas por um único olhar, e esse olhar torna tudo comum e mais fácil, mas ao se começar a refletir sobre o que sempre é visto se começa a perceber que “muitas vezes, o que aparentemente parece familiar, quando se ousa pesquisar, analisar e compreender, torna-se estranho, porque se sente, percebe-se e olha-se de um outro ângulo – o da exterioridade” (RANGHETTI, 2005, p. 6)

Tornar-se um professor pesquisador é dialogar com nossos não saberes buscando ajuda que possa compreender cada. O texto “pesquisar: o que é? De Pedro Demo vem, numa linguagem clara, demonstra aspectos relacionados à pesquisa, ao ato de pesquisar e o pesquisador. O primeiro parágrafo do texto poderá ser considerado o detonador para todas as reflexões contidas no texto. Reflexões que incentivam criticas às pesquisas. “(...) enquanto alguns somente pesquisam, a maioria dá aulas, atende alunos, administra.” (DEMO, 2002, p. 11)

Ser guiado a um caminho que, nos leve ao conhecido passando pelo desconhecido, criando, descriando, recriando, parando para poder seguir em frente; às vezes desconstruindo o que parecia ser construído, negando o que antes afirmava ou afirmando o que chegou a negar. Assim é o caminho da pesquisa.

Uma outra questão interessante é quando o autor nos leva a refletir sobre o resultado dessa prática, o pesquisador não interfere nos resultados, nos indicadores. É tão somente um questionador em potencial que não admite resultados definitivos. Talvez, nesse ponto esteja a razão pela qual, Pedro Demo defende o professor enquanto pesquisador. O professor pesquisador dificilmente estará satisfeito com os resultados obtidos na sala de aula. “O professor é quem, tendo conquistado o espaço acadêmico próprio através da produção, tem condições e bagagem para transmitir via ensino. Não se atribui a função a função de professor a alguém que não é basicamente professor” (DEMO, 2002, p. 15). Ao fazer o comentário acima referendado pela fala de Pedro Demo, tenho aqui o cuidado para não desprezar o cientista, principalmente, quando se percebe que muitos/as professores/as não levam a sério a posição que ocupa, sempre brincando de “batata que passa, passa” ou seja, fazendo o que Demo chama de fazedor de discípulos, reproduzindo de forma idêntica o que aprendeu.

Quando demo fala discípulo é interessante slientar que ele está se referindo ao discípulo acadêmico “domesticado para ouvir, copiar (...)” (DEMO, 2002, p. 17) e isso nos faz lembrar um outro fato que não poderia deixar de traçar aqui um paralelo: os discípulos da época de Cristo. Eles também estavam preocupados como certos discípulos principalmente quando exortaram ao povo se portar como cristãos de Beréia e não como cristão Tessalonissences, pois esses últimos recebiam tudo sem nada questionar, enquanto que os primeiros logo tentavam provar e ou questionar a veracidade dos fatos trazidos pelos discípulos.

Todos precisamos sair da condição de discípulo, precisamos entrar na condição do “bom teórico”, usar a hermenêutica como interprete primeira do nosso laboratório diário.

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